segunda-feira, 8 de setembro de 2008

DPL: um novo mal

Expressão típica da pós modernidade, a Depressão Pós Lula – DPL é um novo tipo de doença mental que vem fazendo vítimas no Brasil. Tratando-se de uma novíssima expressão de morbidade, com incidências registradas a partir de 2004, os especialistas ainda se encontram conceitualmente desapetrechados para o seu tratamento. Emergencialmente, os psiquiatras têm recorrido a medicamentos e procedimentos próprios aos casos de depressão e síndrome do pânico.
Os psicólogos têm preferido a utilização das técnicas da análise transacional e do psicodrama, recomendando aos seus pacientes que procurem tirar férias ou licença, deslocando-se para recantos afastados, onde não tenham acesso a noticiários ou meios de comunicação de qualquer espécie. Isto porque, foi constatado que os estados de crise dos portadores de DPL se manifestam, sempre que são atingidos por informações ligadas a conflitos na base aliada do governo federal, contendas interministeriais e pronunciamentos de representantes do FMI e dos banqueiros.
Há o caso de um paciente que foi socorrido em estado de choque, apresentando uma profunda crise de identidade, murmurando repetidamente: “ Quem sou eu? Quem sou eu?” Na anamnese foi identificado como incidente traumático o momento em que, assistindo ao Jornal Nacional, ele defrontou-se com o senador Sarney sendo tratado por um destacado petista como “Companheiro Sarney”.
Outro paciente de DPL entrou em crise profunda quando, também por via televisiva, assistiu a parlamentares da ala esquerda do PT fazerem denúncias e darem votos semelhantes aos dos representantes do PFL. Depois disto ele perdeu o senso de direção, começou a confundir todos os sinais de trânsito e terminou provocando um acidente. Em seguida deixou de fazer qualquer tipo de movimentação lateral, caminhando sempre em frente. Além disso, esqueceu se era destro ou canhoto e se fixou numa postura de braços cruzados no peito, impedindo-se de qualquer gesto com as mãos.

Está constatado que a DPL é uma neurose (ou psicose) essencialmente política. Para o seu equacionamento, os pesquisadores partem das contribuições teóricas e metodológicas acumuladas em torno do tópico Esquerda Psiquiátrica. Os estudos se direcionam para a abordagem destes dois contrapontos: Denuncismo categórico versus Cupulismo Multifacético; Imediatismo Extremado versus Moderação Radical.
Já se concluiu pela necessidade de desdobrar os estudos da DPL nas suas vertentes intra-poder e extra-poder, uma vez que, na recorrência ao apoio terapêutico, tem-se registrado o comparecimento equivalente de pessoas que atuam dentro e fora das estruturas governamentais.

Foi criada a organização não-governamental SOS DPL, que abriga a Articulação dos Depelistas Anônimos - ADA. A ong está organizando um Seminário para aprofundar o estudo do novo mal e fez um pedido de patrocínio ao Ministério da Saúde.
Foi solicitada a presença de representantes da ONU, para que se investigue se o quadro clínico da DPL já ocorreu ou ocorre noutros países, restando a possibilidade de a doença ser incluída no catálogo da Organização Mundial de Saúde.
O SOS DPL apelou ao FMI para que as despesas ministeriais com o Seminário não sejam consideradas nos cálculos para o estabelecimento do percentual do superavit primário.

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